*Por Marcus Anselmo, managing partner da Terracotta Ventures.
O desenvolvimento imobiliário no Brasil tem uma série de desafios impostos pelas características políticas e econômicas do nosso país.
Ao pensarmos nisso e observar as recentes movimentações do mercado, fica claro a influência positiva da tecnologia para impulsionar os negócios.
Com um setor tão múltiplo e com processos longos e complicados, as soluções tecnológicas conseguem resolver problemas históricos e promover o desenvolvimento imobiliário em diferentes etapas.
As startups voltadas para a cadeia construtiva são um exemplo claro de como isso acontece e o quão crescente é. A título de comparação, em 2015, o montante investido por empresas em startups em todo o mundo foi de U$$32.2 bilhões, enquanto em 2019, o número saltou para U$$57.1 bilhões.
Mas, afinal, como a tecnologia tem efetivamente transformado o mercado construtivo e proporcionando desenvolvimento imobiliário? Quais os desafios ainda precisam ser vencidos?
Vou explorar estas respostas no post. Continue a leitura!
Desafios para o desenvolvimento imobiliário no Brasil
Como falamos anteriormente, um dos aspectos que dificultam o desenvolvimento imobiliário no Brasil é o cenário de instabilidade política e economia, característica presente em diversos países emergentes.
Isso significa que soluções que buscam oferecer maior previsibilidade às empresas, por melhor que sejam, não são eficientes como deveriam para entender o contexto local. É sempre preciso adaptá-las ao máximo à nossa realidade e todas suas variáveis. Uma tarefa bastante complexa.
Além disso, é preciso ainda que, além da gestão, estas ferramentas contem com inteligência para acompanhar as mudanças e as influências no cenário urbano.
Por exemplo, São Paulo, hoje, possui uma área central com diversos prédios abandonados, enquanto, no passado, foi uma área comercial mais intensa. O ponto positivo da região, entretanto, é justamente a mobilidade que garante acesso fácil a outros pontos da cidade.
Com isso, os pontos de trabalho e moradia ficam distantes um do outro, tornando extremamente difícil morar e trabalhar em lados opostos da cidade. Assim, temos um problema de mobilidade urbano atrelado com a falta de moradia para diversas famílias.
Como isso poderia ser solucionado? Através do planejamento urbano eficiente e adequado para tornar as cidades mais inteligentes.
Porém, outro desafio ao falar de planejamento urbano e em cidade inteligente, é conseguir limitar mais algumas variáveis.
É necessário que haja regras mais claras para tornar o processo mais simples. Enquanto tivermos mudanças frequentes nos planos diretores, por exemplo, não há previsibilidade para o desenvolvimento imobiliário.
Isso pode acarretar, no plano da incorporação, em abandono de lotes que mudaram regras ou tiveram elevação de precificação, afastando investidores e novos empreendimentos.
As ferramentas tecnológicas, mesmo não conseguindo alinhar todas essas variáveis, são de grande valia para transformar esses aspectos.
Afinal, a tecnologia envolve novos processos, novas formas de pensar, novas metodologias, e não apenas softwares. Assim, podemos pensar em soluções que simplificam a cadeia construtiva, e em soluções que possibilitem maior amplitude e inovação nos processos.
Vejamos como as soluções podem impactar o desenvolvimento imobiliário a seguir.
A tecnologia como pilar e não como solução final
Você pode estar se perguntando se a tecnologia pode resolver todos os problemas e obstáculos da cadeia produtiva, não é mesmo? Embora ela ofereça soluções eficientes para muitos problemas, ela por si só não basta.
A tecnologia é um elemento forte de transformação na sociedade, e o jeito com o qual escolhemos lidar com ela impacta nas mudanças, inclusive no desenvolvimento imobiliário.
A forma mais errada de se lidar com investimento em tecnologia é simplesmente pensar em mudar a realidade. Para que se tenha sucesso e se ofereça, de fato, mais eficiência, é preciso acompanhar o desenvolvimento do mercado para entender quando ele está preparado para abraçar a solução criada.
Ao pensar no investimento em novas tecnologias é preciso considerar:
- A mudança acontece quando ela alcança mais empresas, sendo acessível também às pequenas e médias;
- A tecnologia facilita processo, mas não pode ser vista como um fim;
- A regulamentação do mercado e toda sua legislação, trabalhada de forma mais simples e clara, é essencial para que não haja variações tão bruscas nas estratégias de negócios;
- É importante reconhecer o timing certo para usar as tecnologias disponíveis.
E o uso de Inteligência Artificial e Data Science?
Quando observamos o mapa de construtechs feito pela Terracora Ventues, observamos que entre as quatro etapas do processo construtivo, aquela que possui menos soluções é a de projetos. Isso acontece porque é onde estão as competências mais complicadas.
É um desafio não só na parte da engenharia, mas na parte da viabilidade. Como avaliar o potencial de retorno de um empreendimento imobiliário? No Brasil não conseguimos precificar um apartamento, quem dirá um terreno que será construído agora para ser vendido daqui a três anos.
Quanto a isso, ainda temos a dificuldade relacionada a fragmentação de dados. Os preços de imóveis, por exemplo, estão disponíveis em diferentes cartórios, um acesso burocrático e custoso.
A previsibilidade é essencial para o desenvolvimento imobiliário, ao termos acesso a informações valiosas no começo do projeto é possível financiar essa cadeia construtiva de forma mais assertiva e consequentemente impactar todo o processo de construção.
Quer saber mais sobre investimentos em tecnologias no setor construtivo? Conheça a Terracotta Ventures.